- É... Me enfeitiçou, um encanto que não quebra... Só o tempo desfaz... Ou não. Não vejo isso como um problema, sinceramente, penso o contrário. Que graça teria a vida sem um encanto? Que graça teria se os olhos não brilhassem, as mãos não gelassem e o coração não ardesse em um fogo impetuoso que nos queima a alma?
- Gelar as mãos? Arder em fogo? Essa é a isca da contradição. Tudo o que é contraditório me prende, me fascina, desatina. Isso é um jogo querido e, palavras suas, quanto mais perigoso melhor, se torna mais viciante. Loucura? É, um pouco. Posso ser um pouco louca? Você me permite? Ou ser louca, um pouquinho só, é contraditório demais? Mas até onde vai a tua loucura? Por favor, não a confunda com amor. Até onde vai? Você é louco, como eu... eu bem sei, mesmo que tu não me diga. O que vivemos é loucura, a vida é louca. Por mim pode ser até paixão, mas não vou me precipitar. Se for apenas "é", não vai fazer diferença. Afinal, eu já cheguei onde queria: Em você.
- Surpreso? Não, não devia. Fui clara desde o dia da 'coragem'. Não me arrependo, não mesmo, meus dias agora são mais felizes. Melosa, bem melosa. Agradeço a cada dia por termos nos dado oportunidade, nós nos permitimos, nós nos quisemos.
- Você já sabe. Eu te falei que meu humor se altera conforme o clima. Dias festivos são os de sol. Dias agradáveis são aqueles de meio termo. Dias melancólicos, tediosos são os de chuva. Aliás, 'eram' os de chuva. Algumas coisas mudaram aqui, em mim. Pra ti ver que agora, eu não me mostro durona, sou sensível.
- Claro você já escalou o meu muro, só falta entrar, conhecer melhor e aos poucos fazer morada. Porque eu não tenho portões, portas ou saídas de escape. Não vou te deixar sair, a não ser quebres o muro. Mas eu prometo estar sempre contigo, saber se está feliz, ouvir teus segredos, teus anseios.
- E quando me disseres que fica, que a casa é boa e quentinha, tenha certeza que, pra mim, os dias de chuva já não serão nublados, nem tristes, nem melancólicos.
Serão festivos, como os de sol.
